Cada vez mais as mulheres têm optado por uma gravidez depois dos 40 anos. E com o intuito de privilegiar tal escolha pessoal, a medicina amplia constantemente os conhecimentos e as técnicas na área reprodutiva. Nesse sentido, estudos sobre a gravidez após os 40 são, atualmente, bastante frequentes e apresentam informações relevantes para quem quer conceber um bebê em uma fase mais madura da vida.

Na sequência, abordamos aspectos sobre a fertilidade feminina e o que é preciso saber sobre uma gravidez depois dos 40 anos.

Impacto da idade na fertilidade feminina

O sistema reprodutivo feminino torna-se com o passar dos anos cada vez menos fértil. Segundo pesquisas científicas, uma mulher na faixa dos 20 anos têm 25% de chances de engravidar a cada ciclo menstrual. A partir dos 40 anos, tal taxa é reduzida para cerca de 8%.

E junto a esta menor predisposição a conceber um bebê, há também uma maior probabilidade de que a gravidez seja de risco e/ou a criança nasça com alguma condição clínica ocasionada por alterações cromossômicas presentes no óvulo materno. 

Por que isso acontece?

O motivo para tais problemas relacionados à fertilidade feminina e à gravidez depois dos 40 decorre do envelhecimento concomitante da mulher e dos óvulos que ela carrega desde o seu nascimento.

Quando um bebê do sexo feminino nasce, ele já possui todos os óvulos que existirão ao longo de sua vida. Após o nascimento e com o passar dos anos muitos desses óvulos são eliminados sem que sejam fecundados. Aqueles que se mantêm no ovário envelhecem naturalmente junto à mulher que os carrega.

Em termos quantitativos citamos que ao nascer uma menina possui, em média, um milhão de óvulos e ao atingir a puberdade, apenas 300 mil ainda existem em seu sistema reprodutor. Destes, cerca de 300 serão verdadeiramente ovulados durante os vários ciclos menstruais que ocorrerão na sua fase reprodutiva. Porém, a ovulação não garante a fecundação.

Novamente, devemos lembrar que os óvulos que não são excluídos ou fecundados continuam envelhecendo. Se, em algum momento, ocorrer a ovulação deles, poderão apresentar alterações que desencadeiam uma gravidez de maior risco. 

Riscos de engravidar depois dos 40

Mas quais são os riscos que podem existir em uma gravidez após os 40?

Primeiramente, é preciso saber que a mulher talvez possua alguma doença pré-existente e que só será diagnosticada quando ela for ao médico porque descobriu que está grávida. Logo, os sintomas e os efeitos de tais patologias são perigosos tanto para a futura mãe, quanto para o bebê. É o que ocorre em quadros clínicos como:

  • diabetes tardio;
  • hipertensão e outros problemas cardiovasculares;
  • câncer de mama;
  • câncer do colo do útero.

Mas existem ainda outros riscos e dentre eles citamos uma maior predisposição ao desenvolvimento da pré-eclâmpsia, de anomalias placentárias e de nascimento prematuro dos bebês.  Além disso, ao engravidar depois dos 40 a mulher apresenta um risco de cerca de 25% de sofrer um abortamento espontâneo nos primeiros meses gestacionais.

E, finalmente, devido a fecundação de um óvulo mais envelhecido e que pode, portanto, apresentar alterações cromossômicas, o risco da criança nascer com uma síndrome é aumentado e a mais conhecida e frequente é a síndrome de Down.

Exames que indicam o envelhecimento do útero

Antes da engravidar depois do 40 anos é altamente recomendável que a mulher verifique suas condições de saúde e, mais especificamente, como está a sua fertilidade.  Para isto, existem uma série de exames relativos à infertilidade e que identificam problemas hormonais ou na ovulação, endometriose ou outras patologias que afetam o sistema reprodutivo feminino.

Também é importante realizar exames com o intuito de conhecer o estado do útero e como está o seu processo de envelhecimento. Para tal citamos a seguir os principais métodos de diagnósticos existentes:

  • ultrassonografia transvaginal;
  • histerossalpingografia;
  • histerossonografia;

A partir desses exames, que podem ser feitos isoladamente ou complementarmente um ao outro, é possível a detecção de pólipos, miomas, cistos, tumores, anomalias congênitas na estrutura do útero, entre outros.

Ressaltamos que junto a eles deve-se também realizar outros métodos que visam conhecer os níveis de fertilidade da paciente como medição das taxas hormonais de hormônios dos quais citamos o Folículo Estimulante (FSH), o Luteinizante (LH), o estradiol, o mulleriano, e a inibina-B. A análise destes é capaz de identificar as condições do ovário. E a fim de verificar como está o processo de ovulação a medição dos níveis de progesterona sérica é indicada.

Quando procurar ajuda?

O momento de buscar ajuda de um médico é assim que a decisão por uma gravidez depois dos 40 for tomada. Isto porque como será uma situação que envolve mais riscos, quanto antes começarem os cuidados prévios, melhor. Mas vale ressaltar que se ela acontecer sem um planejamento, ao acaso, o clínico deverá ser contatado assim que o atraso menstrual for percebido.

O suporte do profissional permitirá que a mulher conheça sua condição de saúde, bem como se prepare para uma concepção e gravidez de qualidade. Diversas indicações serão feitas e dentre elas as alterações alimentares e nutricionais que precisam ser observadas para preparar o corpo feminino que irá receber o futuro bebê.

Além disso, exames de rotina associados aos exames que medem as taxas de fertilidade serão realizados. Dessa forma, o médico poderá orientar a paciente durante toda a fase pré-concepção e pré-natal e caso seja preciso outras alternativas poderão ser apresentadas.

Se houver uma baixa probabilidade da paciente engravidar naturalmente, por exemplo, ela poderá ser aconselhada a realizar técnicas que estimulam o processo de ovulação ou até mesmo a fazer uma fertilização in vitro.

O que é essencial é que embora a gravidez após os 40 anos apresente, de maneira geral, um pouco mais de riscos e seja menos provável de ocorrer, a medicina atualmente atua visando minimizar tais questões e permitir que as mulheres possam tanto se desenvolver profissionalmente como serem mães.