Se a decisão de ter um filho costuma ser acompanhada de uma série de expectativas, os casais que fazem tratamento de reprodução assistida têm um impacto emocional ainda maior. Ansiedade, frustração, raiva e culpa são alguns sentimentos comuns durante o processo. E o estresse pode, mais do que tirar o sono, comprometer o sucesso do tratamento.

Experiente em atender casais nesta situação, a psicoterapeuta Anielle Travain diz que, apesar de as pesquisas que correlacionam fatores emocionais à infertilidade não serem conclusivas, o fato de poder falar sobre a ansiedade ajuda o casal a lidar com a situação. “Encarar a incapacidade de gerar um filho não é fácil e o sofrimento vivido por esses casais se aproxima ao sentimento de luto”, diz ela.

A psicóloga terapeuta de família Rachel Tardin, da clínica Integrare, explica que o sentimento mais comum derivado da frustração em engravidar é a raiva de si mesmo. “Muitos casais que recorrem a métodos de reprodução assistida são bem sucedidos profissionalmente e se veem frente a uma incapacidade que lhes foge ao controle.”

As especialistas afirmam que a maioria dos pacientes chega aos consultórios em um quadro de depressão. “Eles ficam isolados, não têm vontade de trabalhar ou conviver socialmente”, diz Anielle. A terapia procura fazer com que os casais falem sobre a infertilidade e encarem o tratamento com menos angústia. “O ideal é que o casal faça a terapia em conjunto, dividindo o peso das cobranças”, afirma Rachel.

Outros tratamentos também são recomendados por alguns ginecologistas. “Atividades como a acupuntura e o ioga, que relaxam e tranquilizam os pacientes, têm reflexos positivos no tratamento”, diz o especialista em reprodução humana Alessandro Schuffner, da clínica Conceber.

A médica acupunturista Cassiana Salai afirma que o estímulo das agulhas aumenta o fluxo sanguíneo, melhorando a irrigação dos órgãos reprodutores femininos e apaziguando o desconforto provocado pela endometriose e pela síndrome dos ovários policísticos. “Como o tratamento tem ação antioxidante, os homens com poucos espermatozoides também se beneficiam”, explica a médica.

Embora eficazes como uma prática complementar, as terapias alternativas não substituem os tratamentos para fertilização.

Gazeta do Povo – Caderno Saúde 04/03/2009