O assunto é polêmico. Será que o que comemos pode nos ajudar a ter filhos? De acordo com os especialistas, ainda não existe comprovação científica sobre o verdadeiro poder dos alimentos, mas ter uma dieta equilibrada, rica em vitaminas e minerais pode dar um empurrãozinho na natureza.

Lançado em novembro do ano passado, o livro A Dieta da Fertilidade, escrito por um grupo de pesquisadores da Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, trouxe nova esperança para casais com dificuldades para ter filhos. Segundo o livro, a ingestão de um grupo de alimentos saudáveis pode aumentar a probabilidade da mulher ovular e, assim, engravidar. Mas de acordo com artigo posterior, publicado pelo jornal The New York Times, a obra não merece a atenção que recebeu dos pacientes e da mídia.

De acordo com a reportagem, suas recomendações são semelhantes a de outras publicações já lançadas sobre o tema, e na verdade, deviam ser seguidos por todos que procuram manter uma vida mais saudável: uma dieta boa para o organismo, abundante em frutas e verduras, redução do consumo de carne e carboidratos refinados, além da ingestão das gorduras boas.

O jornal americano ainda alerta para o fato de que as conclusões do livro se aplicam apenas para quem sofre de infertilidade ovulatória, pouco mais de um terço das mulheres inférteis.

De acordo com o médico brasileiro, especialista em reprodução humana, Alessandro Schuffner, revisor da revista The New England Journal of Medicine, os artigos publicados em revistas científicas passam pelo aval crítico de pelo menos dois revisores médicos. “Já os livros não são criticados antes de serem publicados, portanto não são totalmente confiáveis.”

O médico acredita que o ambiente pode ter mais peso na fertilidade do que os próprios alimentos. “Estamos expostos a uma série de coisas, mas ainda não conhecemos os seus efeitos, como o buraco na camada de ozônio, os agrotóxicos, os alimentos transgênicos… A concentração de espermatozóides na década de 60 era de 100 milhões. Na década de 70, baixou para 70 milhões. Hoje a concentração considerada normal é acima de 20 milhões”, afirma.

A coordenadora do curso de Nutrição da PUCPR, Helena Simonard, acredita no poder da boa alimentação, mas para ela e os outros especialistas, o que definitivamente influencia a fertilidade é o índice de massa corpórea. Mulheres muito acima do peso têm a sua ovulação prejudicada, pois isso altera os níveis de insulina. Por outro lado, mulheres magras demais não ovulam, pois não conseguem armazenar energia suficiente para realizar o processo. Homens que não estão com o peso ideal também sofrem com uma queda na contagem de espermatozóides.

Consuma

  • Frutas e hortaliças orgânicas. Agrotóxicos prejudicam a produção de espermatozóides.
    • Soja e aveia, ricos em vitamina B6.
    • Germe de trigo e nozes, ricos em vitamina E, que possui ação antioxidante e interfere no processo de liporidação, responsável pela produção de hormônios.
    • Carne vermelha, fígado de galinha, feijão e outros alimentos ricos em zinco. O mineral aumenta a produção de espermatozóides.
    • Peixes, ovos e grãos integrais, ricos em selênio.
    • Tomates, ricos em licopeno, que beneficia ovários, testículos e próstata.
    • Brócolis, cenoura e mamão, ricos em vitamina A.
    • Acerola e frutas cítricas, ricas em vitamina C, que aumenta a imunidade do organismo de homens e mulheres.
    • Ácido fólico, presente em alimentos como soja, trigo e hortaliças verde-escuras, melhora as chances de engravidar e, durante os três primeiros meses de gestação, evita disfunções neurológicas do feto.
    • De acordo com o livro A Dieta da Fertilidade, laticínios integrais aumentam a fertilidade, mas a afirmação é controversa.

Evite

• O excesso de consumo de carboidratos refinados, como batata, arroz, pão branco, além do açúcar.
• Álcool.
• O excesso de cafeína (café, refrigerantes, mate). A substância é estimulante e atrapalha a mobilidade dos espermatozóides.
• Alimentos industrializados e que levam conservantes.
• Produtos diet e light, adoçados artificialmente.
• Cigarro. O tabaco diminui a qualidade dos óvulos e a concentração de espermatozóides.
• Suplementos vitamínicos sem recomendação médica. Durante a gestação, o excesso de vitamina A pode causar má formação fetal. Por isso, os suplementos só devem ser usados em caso de carência de nutrientes.